Festa de Iemanjá, 8 de dezembro de 2011 (Praia da Pajuçara - Maceió)



Na Festa das Águas


Edna Lopes- Educadora

"Alagoanos e alagoados, as restrições espaciais que a prefeitura de Maceió propõe para a manifestação dos cultos afro-alagoanos neste dia 8 de dezembro são emblemáticas da falta de sensibilidade cultural da administração da cidade. Maceió é uma cidade tão mestiça, tão miscigenada como qualquer outra urbe brasileira. É um absurdo querer desconhecer ou restringir as manifestações de sua dimensão afro. O senhor prefeito deseja ser conhecido por ter vindo do povo e por dar espaço em sua gestão aos seus problemas, mas o que vemos é que esse povo reivindicado pelo prefeito é um povo inventado e não o maceioense real, é um povo sem especificidade, sem cultura própria, sem iniciativa política, é um povo submisso às elites. Mas o povo real vai se levantar, está ganhando consciência cultural e política, já conta com novos mediadores culturais e políticos, e saberá dar o troco hoje e nos próximos embates, como na eleição do ano que vem. Nem o Quebra dos Terreiros, em 1912, conseguiu acabar com a resistência das religiões afro-alagoanas, mesmo que o Xangô tenha passado a ser rezado baixo por décadas. Hoje seria um bom dia para a desobediência civil generalizada às restrições claramente discriminatórias impostas pela prefeitura, hoje seria um bom dia para que a rebeldia atávica do povo alagoano, que já se encarnou em Zumbi e Vicente de Paula, por exemplo, apareça em todo seu esplendor. Que os atabaques toquem alto e que um povo mestiço mostre a riqueza de suas crenças". Golbery Lessa via facebook de Ana Claúdia Laurindo

Depois de ler uma provocação como esta, quem, com seu juízo no lugar e em sã consciência ficaria em casa? Quem, que em algum momento de sua vida defendeu a livre expressão, o direito inalienável de professar sua fé - direito este afirmado na Constituição Federal, que parece ser desconhecida das autoridades de plantão da nossa cidade – não se sentiria desafiado a juntar-se ao real povo dessa cidade e defender esse e todos os direitos conquistados muitas vezes a custa do sangue e da vida de outros?

Cada vez que me pergunto por que a alegria, as expressões da religiosidade dos cultos de matriz africana, os paramentos, as músicas e as danças, provocam o temor e a intolerância de alguns, respondo-me que na raiz de tudo está o preconceito, a desinformação, o desrespeito com tudo que se refere e se aproxima do povo negro, mais da metade da população brasileira, que luta diuturnamente para ter respeitado seus direitos, para não serem ignorados e tratados com cidadãos de segunda classe.

Cheguei à festa no fim da tarde e me chamou a atenção a criançada que se divertia correndo na areia e no espaço dos shows. Elas, os pequenos Erês de sorriso confiante e nenhum temor em demonstrar sua alegria traduziam em mim o sentimento maior de um momento como aquele: a celebração da vida, o respeito ao direito de todos e de cada um deveria ser o mandamento principal para o convívio do seres dito humanos, nessa dimensão.

Fui recebida com um abraço e um sorriso de um deles e logo o convidei para me acompanhar até a praia para fazer umas fotos. A maturidade de Rafael do alto dos seus nove anos me animou:-“Não é um absurdo, tia Edna, proibir as pessoas de fazerem suas oferendas e tocarem aqui na praia depois da “5 horas”? “O que é que tem demais fazer isso?”

- “É sim, Rafa. É um absurdo e um desrespeito. E não tem nada demais não. Apenas ignorância desses que proíbem...”

O sentimento de Rafael, filho da amiga Luciana e do amigo e colega de trabalho, o jornalista Mauro Fabiani e o meu, era o de centenas de pessoas que ali estavam. Nos pronunciamentos nos intervalos das apresentações culturais, lideranças religiosas, intelectuais, lideranças de grupos comunitários e culturais manifestaram sua indignação para com a atitude intolerante e desrespeitosa das autoridades que limitaram o espaço e o tempo para oferendas e toques na orla de Maceió, inclusive com ameaça de recolhimento dos instrumentos.

Impossível não se indignar ao lembrar do Quebra dos Terreiros em 1912, quando no dia 02 de fevereiro, uma Yalorixá* (Tia Marcelina) foi assassinada por policiais a serviço da elites desse estado.Os terreiros foram destruídos e seus adeptos perseguidos e silenciados. Será que 99 anos depois, a história vai se repetir?

O sentimento de Rafael e o meu era o de centenas de pessoas que ali permaneceram até a última apresentação, o show da sambista Leci Brandão (Maravilhoso!), e seguiram em cortejo até a feirinha da Pajuçara, afirmando o propósito de reivindicarem o direito de expressar sua cultura, seu credo religioso e não se intimidarem com “autoridades” que pensam e agem como se a lei fosse uma corda esticada que pode ser levantada e abaixada seguindo suas conveniências.

Na Festa das Águas, um sentimento bom de pertencer a essa parcela de povo que não se dobra. Pude rever amigos e amigas, pessoas queridas que têm, como eu, compromisso com a militância pela vida, não apenas pregando tolerância mas respeitando todos e cada um no exercício do seu direito.

* sacerdotisa e chefe de uma casa de Axé (templo da religiosidade de matriz africana)

Olhem as fotos e vejam que belo cenário para uma celebração.


Quem quiser saber mais veja o documentário O Quebra do Xangô, de Siloé Amorin, que mostra as consequências do episódio para a vida e a cultura alagoana, além da tese "Xangô rezado baixo: um estudo da perseguição aos terreiros de Alagoas 1912", de Ulisses Rafael, Doutor em Sociologia e Antropologia pela UFRJ, disponível em PDF nesse link:


Fonte: Recanto das Letras (http://www.recantodasletras.com.br/)

Festa das Águas



A articulação dos Grupos da Cultura Popular e Afro-Alagoana e a Secretaria da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos estarão realizando no dia 8 de dezembro, às 15h, no início da Praia de Pajuçara, uma grande festa em homenagem a Iemanjá, a Festas das Águas.

Programação:
 
Arê Iorubá (Núcleo Cultural da Zona Sul)
Maracatu Raiz da Tradição (Abassá de Angola de Oyá Igbalé)
Inaê (Guesb)
Afoxé Oju Omin Omorewá
Coletivo AfroCaeté 
Leci Brandão

Tambores de Xangô


Novembro de Todas as Cores

Rachel Rocha
(É professora de Antropologia
e pesquisadora da cultura afro-alagoana)

Maceió decide mostrar sua face negra em grande estilo. Subsumidas por séculos de preconceito racial e cultural - quando se trata das manifestações negras - comunidades representantes dessa rica tradição alagoana realizam nos dias 18 e 19 de novembro, no emblemático bairro de Jaraguá, uma grande comemoração numa clara demonstração de altivez e de reverência a uma tradição que é responsável pelo legado cultural presente em muitas das referências locais. O evento é uma realização da rede Articulação pela Cultura Popular e Afro-Alagoana e conta com o apoio do BNB e da Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas.

A ideia, que partiu da comunidade negra Filhos de Axé Sociedade Afro-Cultura Palácio de Airá, que tem à frente o líder religioso babalorixá Elias de Airá, realizará no dia 18/11 (próxima sexta-feira), a cerimônia de coroação do Rei Doté Elias e da Rainha Lucineide, do Maracatu de Nação A Corte de Airá. A solenidade está marcada para as 9h00 na igreja Nossa Senhora Mãe do Povo, em Jaraguá.

A escolha não poderia ter sido mais feliz, uma vez que nesse mesmo bairro, na rua atrás da referida igreja, estava localizado um dos mais afamados terreiros de Maceió no começo do século XX, o de Mestre Felix, destruído, como muitos outros, em fevereiro de 1912, no episódio que ficou conhecido como “Quebra quebra dos terreiros” e que pôs fim a esta e a outras dezenas de casas religiosas afro-brasileiras na capital e no interior de Alagoas.

A brutal ação, demonstração da intolerância para com as práticas religiosas afro-brasileiras na Maceió provinciana de há um século, trouxe serias consequências à vivência e à visibilidade da religiosidade de matriz negra, resultando, entre outras, no que alguns, como Gonçalves Fernandes (Sincretismo Religioso no Brasil, 1941), identificou como uma nova modalidade de culto, batizado então de “xangô rezado baixo” que, na prática, refletia a intimidação de um candomblé que passava a ser realizado não mais com atabaques, mas com palmas.

Para relembrar e denunciar práticas intimidatórias contra os afro-brasileiros, ainda hoje presentes na Maceió contemporânea, as comemorações continuam no dia 19/11 (sábado), na praça Dois Leões (Jaraguá), com a realização de outra cerimônia, esta batizada de “Tambores de Xangô Rezado Baixo” que, desta feita, rezarão alto e em bom som, proclamando a necessária liberdade de cultos oriundos de negros escravizados e que se constituem em referências fundantes da cultura alagoana.

Essas manifestações, de rara beleza, solidariedade e sabedoria são motivo de orgulho para todos os alagoanos que terão a oportunidade de assistir a várias apresentações de maracatus, manifestações que existiam na Maceió do século XIX e começo do século XX e que depois desapareceram por conta do preconceito, mas que agora retornam, como indica a programação abaixo:


18h00 –abertura com as autoridades;
18h30 – cerimônia “Tambores de Xangô Rezado Baixo”, part. de yalorixás de Alagoas;
19h00- Maracatu Mirim  (Ponto de Cultura AMAJAR)
19h30- Maracatu Baque Alagoano;
20h00- Maracatu Raiz da Tradição;
20h30-Afoxé Oju Omin Omorewá;
21h00- Arê Iorubá (Núcleo Cultural da Zona Sul);
21h30- Maracatu Coroa Imperial;
22h00 – Malungos do Ilê;
22h30 – Maracatu Axé Zumbi  (Núcleo Cultural da Zona Sul);
23h00 – Maracatu Nação A Corte de Airá;
23h30 – Encerramento com Coletivo AfroCaeté.

NOVEMBRO DA CONSCIÊNCIA E CULTURA DE RESISTÊNCIA


“Celebrando o Mês da Consciência Negra em Alagoas”

Coletivo AfroCaeté * Maracatu Nação A Corte de Airá * Quintal Cultural * CEPA Quilombo * Núcleo Cultural da Zona Sul * Afoxé OJu Omin Omorewá * Maracatu Raízes da Tradição (Abassá de Angola de Oyiá Igbalé)

Em novembro estaremos comemorando o Mês da Consciência Negra com diversas atividades. Segue algumas atividades do Coletivo AfroCaeté e da Articulação pela Cultura Popular e Afro-Alagoana.

03/11 (Qui) / Cine Clube Gênios da Raça / Mirante Kátia Assunção-Jacintinho – Exibição do vídeo Garrincha – Alegria do Povo (70 min, 1962, Doc/Dir. Joaquim Andrade). Parceria entre CEPA Quilombo e Filme de Quinta.

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05/11 (Sáb) / Mirante Cultural / Jacintinho – Comemoração do aniversário do Quilombo: Noite, 19 Horas, Mirante Kátia Assunção: Roda Aberta de Capoeira coordenada pelo grupo Águia Negra; Demonstração de combate da Associação Puma De Ferkundô e da Associação De Jet Jutsondô; e Pagode com Amigos de Ramos. E, às 21 Horas, Kizomba na Sede do CEPA-Quilombo.

06/11 (Dom) / Ensaio Aberto e Cortejo / Jaraguá – O Coletivo AfroCaeté fará cortejo pelas ruas de Jaraguá e batucada às 17h, na Praça Rayol (Arthur Ramos). O ensaio contará com a presença de representantes do Maracatu A Corte de Airá. Concentração às 14h, na sede do Coletivo (Rua Barão de Jaraguá, 381).
  

07/11 (Seg) / Coletivo AfroCaeté / UFAL – O AfroCaeté estará fortalecendo os Projetos Vivendo Maracatu (Parceria AfroCaeté/UFAL) e Maracatu no Morro (Parceria AfroCaeté/Maracatu A Corte de Airá/UFAL) na abertura da Semana de Geografia.

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10/11 (Qui) / Cine Clube Gênios da Raça / Mirante Kátia Assunção-Jacintinho – Exibição do vídeo Cartola – Música para os olhos (85min, 2006, Doc./Dir. Lírio Ferreira e Hilton Lacerda) Parceria entre CEPA Quilombo e Filme de Quinta.

12/11 (Sáb) / Coletivo AfroCaeté / Jaraguá – Oficina de Dança Afro ministrada pelo Diego (ierum) na sede do Coletivo AfroCaeté.

12/11 (Sáb) / AfroCaeté / Arapiraca – O Coletivo AfroCaeté se apresentará junto com a dança afro da comunidade quilombola de Pau d’Árco.


12 (Sáb) / Quintal Cultural / Bom Parto - Rua Sol Nascente (Próximo ao supermercado Unicompra).

13/11 (Dom) / Ensaio Aberto e Cortejo / Jaraguá – O Coletivo AfroCaeté fará batucada às 15h, na sede do do grupo (Rua Barão de Jaraguá, 381). A atividade contará com a presença de representantes do Maracatu A Corte de Airá.

 

13 (Dom) / Núcleo Cultural da Zona Sul / Vergel do Lago – Tarde, 15h: Atividade Cultural dos grupos que compõem o Núcleo: Orquestra de Tambores de Alagoas, Baianá Flor de Lis, Axé Zumbi/Toré de Índio (Mestre Geraldo), Guerreiros Mensageiros de Padre Cícero e Vencedor Alagoano, cordelista Jorge Calheiros, grupo Airê Iorubá, Maculelê e Roda Aberta de Capoeira da Federação Abadá Capoeira e Legião Capoeira, entre outros.

15/11 (ter) / AfroCaeté / Vilagem Campestre – Ensaio Aberto do Coletivo com o percussionista africano Meki Nzewi (http://mekinzewi.com/Bio), às 9h, no Guesb (Village Campestre).

17/11 (Qui) / Cine Clube Gênios da Raça / Mirante Kátia Assunção-Jacintinho – Exibição do vídeo Isto É Pelé (75 min, 1974, Doc./Dir. Eduardo Escorel e Luiz Carlos Barreto). Parceria entre CEPA Quilombo e Filme de Quinta.
18/11 (Sex) / Maracatu A Corte de Airá / Jaraguá – Cerimônia de Coroação do Maracatu A Corte de Airá na Praça da Igreja Nossa Senha Mãe do Povo.

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19/11 (Sáb) / Maracatu A Corte de Airá / Jaraguá – “Tambores De Xangô Rezado Baixo” na Praça Dois Leões (homenagem aos Sacerdotes e Sacerdotisas perseguido em 1912, Época do Quebra). O Coletivo AfroCaeté e diversos grupos irão se apresentar no evento.

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19/11(Sáb) / Quintal Cultural / Bom Parto - Rua Sol Nascente (Próximo ao supermercado Unicompra).
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20/11 (Dom) / Consciência Negra / Serra da Barriga-União dos Palmares (AL) – Na programação o Maracatu Nação a Corte de Airá, a Malungos do Ilê, o Inaê, a Cia. Sururu de Capote e o Coletivo AfroCaeté se apresentarão durante as atividades da Serra. À noite a batucada será no centro da cidade de União dos Palmares.


24/11 (Qui) / Cine Clube Gênios da Raça / Mirante Kátia Assunção-Jacintinho – Exibição do vídeo É Simonal (87 min,1970, Ficção/Dir. Domingos Oliveira). Parceria entre CEPA Quilombo e Filme de Quinta.

25/11 (Sex) / CEPA Quilombo / Jacintinho – Noite, 19h: Roda Aberta de Capoeira coordenada pelo grupo Águia Negra; Maracatu Raízes da Tradição (Abaçá de Angola de Oyá Igbalé); Grupo Airê Iorubá; Dança Afro com os alunos da oficina de dança do Cenarte (Prof. Edu Passos); Monologo Vovó Josefa e Memê (Alunos Daquinta Cultural/Ufal); e o Espetáculo África (Flexeira/AL).

26/11 (Sáb) / Exposição “Festas das Águas”/ Jaraguá – Lançamento da exposição "Festa das Águas", às 21, no espaço de exposição da Rosa Mossoró. Com fotografia de Thiago Biacheti, Juliana Barreto, Christiano Barros e Sandreana Melo retratando a Festa no dia 8 de dezembro na pajuçara. Será exibido o vídeo Eruyá que retrata a Festa de Iemanjá entre os anos de 2006 e 2008. O lançamento contará com a presença de membros do AfroCaeté.

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27/11 (Dom) / Ensaio Aberto e Cortejo / Jaraguá – O Coletivo AfroCaeté fará batucada às 15h, na sede do do grupo (Rua Barão de Jaraguá, 381).

08/12 (Qui) / Festa da Águas / Pajuçara – O AfroCaeté, o Inaê (Guesb), o Maracatu A Corte de Airá, o Airê Iorubá, o Afoxé Oju Omin Omorewá, o Maracatu Raízes da Tradição (Abassa de Angola), o CEPA Quilombo (Performance Capote) e diversos outros grupos irão se apresentar na Festa da Águas, na praia de Pajuçara.
11/12 (Dom) / Oficina de Maracatu / Jaraguá – O Coletivo AfroCaeté realizará oficina de Maracatu, das 14 às 17 horas, na Sede do Coletivo AfroCaeté. Faça download do formulário para Pré-inscrição e envie para afrocaete@gmail.com .


A Cia. Urucungo e o Coletivo AfroCaeté convidam para a oficina de Capoeira Angola que será realizada entre os dias 20 e 22 de outubro, no Espaço Coletivo AfroCaeté (Jaraguá). A oficina será orientada pelo professor Gilson Vilela e faz parte do projeto Roda de Saberes que visa promover oficinas e rodas de discussão que contribuam para a difusão da arte da Capoeira Angola em Alagoas.

Informações podem ser obtidas pelos telefones (82) 8858-6771/ 8845-4068.

Coletivo AfroCaeté une tradição e modernidade – Joel Moraes



Cultura de raiz africana floresce em Alagoas, através da visão do grupo

A inspiração do Coletivo AfroCaeté provém de uma raiz ancestral, a cultura africana, mas o grupo não se limita apenas a sentar à sombra dessas tradições, também cultiva e produz novos frutos, unindo a dança e o ritmo da África com a criatividade própria de Alagoas.

Em atividade desde 2009, o Coletivo tem como proposta original conhecer e tornar conhecidas as diversas manifestações populares, em especial, as que unem o legado africano e a interpretação nordestina. Daí surge a característica marcante do grupo, a observação da fluidez cultural, a forma como a arte não permanece estagnada, mudando e crescendo, um organismo intelectual resultante de sucessivos encontros entre visões diferentes.

Atualmente, 50 integrantes participam das atividades, com a liderança do Ogan e percussionista Sandro Santana. Na sede, em Jaraguá, são realizados ensaios semanais nas tardes de domingo, ao som de instrumentos como a alfaia, a caixa de guerra, o gonguê, o agogô, o xequerê, o djembê, o atabaque e o pífano, entre outros. Durante o mês de outubro, o AfroCaeté realiza uma oficina de maracatu, buscando ampliar essa manifestação cultural em Alagoas.
Em entrevista exclusiva por email, o Coletivo fez jus ao nome, respondendo as perguntas coletivamente:

JM - Como surgiu e o que é o Coletivo AfroCaeté?

CAC - No contexto de surgimento do grupo estava um movimento de afirmação da identidade, de pertencimento a um lugar, não só como algo físico e espacial. A gente acredita que a identidade cultural e a noção de pertencimento a localidade se fortalece a medida que a gente solidifica os laços de ligação com o tradicional, com a cultura tradicional. A gente não acredita que cultura possa ser resgatada. Enquanto grupo a gente pretende celebrar essa modernidade, essa universalidade, essa dinamicidade que é identificada na cultura popular, na cultura tradicional, na cultura afro.

Antes de formar o grupo a gente vinha sentindo a necessidade de estar mais perto dos espaços de produção de cultura na periferia e, dos terreiros de candomblé que a gente considera verdadeiros centros de resistência da cultura africana no Brasil. Então a gente passou a não conceber que se destitua o batuque da cultura afro-religiosa. O Brasil, e especificamente Alagoas, tem uma dívida histórica com a cultura afro-religiosa, com as religiões de matrizes africanas, de um modo geral. Não é a toa que existe uma invisibilidade do batuque e das manifestações culturais de origem afro religiosa em Alagoas.

JM - O maracatu é considerado manifestação cultural pernambucana. Vocês concordam com essa definição ou vêem o legado africano como sendo maior que as fronteiras entre nossos estados?

CAC - Maracatu é uma manifestação da cultura popular. E cultura popular é do povo.   Atualmente o maracatu de Alagoas sofre influência do maracatu que é feito no estado vizinho. No passado, maracatus, afoxés e outras manifestações eram comuns nos terreiros de Xangô e Candomblé em Alagoas. Muitas manifestações foram extintas com a perseguição aos terreiros, principalmente após a infeliz ação conhecida como “o quebra de Xangô”, que teve seu ápice 1912 com a morte em praça pública de Tia Marcelina, ícone da Cultura Negra em Alagoas. Inclusive registros indicam que no seu terreiro existia um maracatu. As manifestações culturais de origem afro-religiosa que conseguiram resistir foram tachadas ou autodenominaram-se de folclóricas para continuar existindo. Isso aconteceu também com as práticas indígenas.

É importante frisar que cultura popular é dinâmica, em constante transformação, ela dialoga com a modernidade. A junção de elementos, o hibridismo presente em manifestações da cultura popular, sempre impressiona muito. Mostra o quanto é rica e complexa a cultura. Mudança é algo que não devemos nos preocupar. A gente tem mais é que celebrar a modernidade, a universalidade, a dinamicidade presente na cultura popular, na cultura tradicional, na cultura afro.

JM - Hoje, qual a situação do maracatu em Alagoas?

CAC - No próximo mês, será coroado o Maracatu Nação A Corte de Airá, ligado a uma Casa de Axé que está localizada entre o Sítio São Jorge e a Grota do Arroz, aqui em Maceió. Será um momento especial.

A gente tá vivenciando um novo e importante momento. Alguns grupos ressurgem em Alagoas. E esse fenômeno é positivo na medida em que vem acompanhado de conscientização e conhecimento das práticas ligadas a cultura negra. E da possibilidade da inserção da cultura negra em diversas classes sociais. Assim, os grupos atuais podem se tornar aliados na luta por respeito a diversidade, seja ela cultural ou religiosa.

Em Alagoas existe uma invisibilidade do batuque e das manifestações culturais de origem negra, sobretudo de origem afro-religiosa. No passado a sociedade tinha aversão aos afoxés e maratatus, por causa da associação com a vida religiosa, chegavam considerá-los como sendo a própria religião. Hoje o preconceito continua forte a qualquer tipo de manifestação que tenha associação direta ou indireta com as religiões de matrizes africanas, e isso nos chama a responsabilidade. Chama a responsabilidade a todos os grupos que tem em sua base a percussão de origem afro-religiosa. Independente de classe, o batuque tem um chamamento ancestral, e ele também chama para a luta por respeito a diversidade.

JM - O que levou à proposta da oficina de maracatu?

CAC - Entre os objetivos, a difusão do batuque de maracatu, e da cultura popular de um modo geral. Nós acreditamos que cultura popular e tradicional é capaz de elevar a consciência e a auto-estima e isso contribui para melhorias das condições de vida das pessoas. A oficina também possibilita o ingresso de novos membros ao Coletivo AfroCaeté.

JM - Vocês acreditam que a internet e, principalmente, as redes sociais podem representar uma renovação na forma de aproximar a população e a arte?

CAC - Com abrangência ainda limitada, a internet é um importante veículo de comunicação. Para o Coletivo AfroCaeté, a internet, e especificamente as redes sociais, representa um canal acessível e direto com pessoas e grupos. O nosso blog representa hoje um dos principais documentos do grupo:
www.coletivoafrocaete.blogspot.com e no Twitter: @afrocaete


Oficina de Inicialização a Capoeira Angola - Professor Gilson Vilela





Gilson Vilela, Conhecido como João na roda de capoeira, vem contribuindo significativamente para o desenvolvimento da Angola em Alagoas. Desde muito cedo militante das causas sociais, o professor Gilson é também interprete de libras e fotógrafo.

Oficina de Maracatu - INSCRIÇÕES



Oficina de Maracatu
Dias 8, 9 e 16 de outubro, das 14 às 17 horas,
na Sede do Coletivo AfroCaeté.
Vagas limitadas!

Faça sua pré-inscrição e garanta a sua vaga.  
Utilize o formulário disponível para download
e envie sua pré-inscrição para

NOTA DE ESCLARECIMENTO


Tendo em vista os últimos acontecimentos ocorridos no processo eleitoral para o DCE-UFAL/2011, vimos tornar público que não autorizamos o uso do nome do coletivo AfroCaeté em qualquer material de campanha das chapas envolvidas na disputa, bem como, asseveramos que não apoiamos nenhum grupo envolvido no pleito. Diante de qualquer ação contrária a essa diretiva, será feita a revelia de nossa vontade. 

Sábado, 10 de setembro, AfroCaeté fará cortejo pela Rua Sol Nascente e se apresentará no Quintal



Aniversário do Quintal Cultural

O Quintal Cultural comemora 4 anos, venha participar dessa festa. A festa será no dia 10-09-2011, a partir das 19 horas, na Rua Sol Nascente – Bom Parto. E contará com as seguintes atrações: Cortejo e apresentação do Coletivo AfroCaeté (Maracatu); Roda de Break; Entrega dos Kit de proteção para os B-boys; A.S.U (Rap); A Queda (Rap); Malacada (chorinho);  Questão de Alma (Street dance). 

Coletivo AfroCaeté no II Prêmio Alagoano de Blogs


Clique na figura e vote em nosso blog.

Espetáculo Urucungo




Espetáculo Urucungo, com o bailarino Denis Costa

 SÁBADO, 20 DE AGOSTO , 16h

O solo de dança Urucungo é resultado de um processo de pesquisa corporal que imbricam ritualísticas da cultura negra e sua religiosidade com elementos simbólicos da capoeira e seus movimentos. O espetáculo trata da ritualística, da musicalidade e do ritmo da capoeira. O solo de dança inicia-se em 2009, no curso de dança da Universidade Federal de Alagoas e, no mesmo ano, é contemplada com o Prêmio Klauss Vianna 2009. Urucungo, que na etnia banto significa “berimbau”, é o que dá vida e nome para todo o ritual da composição coreográfica.
Formado do curso de Dança da Universidade Federal de Alagoas, Denis Costa também é capoeirista. Além de Urucungo, Alen de participa também de Encruzilhadas, performance que nasce em 2010, e participou do I Universidança, pelo Curso de licenciatura em Dança da Ufal, em 2009, e do espetáculo de dança UruBumbaGuelé, aprovado no Prêmio Alagoas em Cena 2010.


SÁBADO, 20 DE AGOSTO 
16h – Espetáculo Urucungo, com o bailarino Denis Costa 
 Teatro Jofre Soares, Sesc Centro (Rua Barão de Alagoas, 229, Centro)
Entrada franca (como a plateia ficará no palco, há apenas 25 vagas. As senhas serão distribuídas 01 hora antes do início do espetáculo)

Informações: 8858 6771

Quilombo Lunga - Festa do Meado de Agosto


“Resistência e Fé”


“Promover o intercâmbio cultural entre os artistas e as populações negras urbanas e rurais, resgatando valores, visualizando a situação vivenciada pela população quilombola brasileira, de forma a propiciar a alteração positiva nesta realidade”.
Programa Brasil Quilombola


A Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos Passagem do Vigário e Poços do Lunga - QUILOMBO LUNGA convida toda a Sociedade Alagoana para a Festa do Meado de Agosto edição 2011, dia 15 de Agosto a partir das 10 horas da manhã no Sítio Volta no Município de Taquarana Alagoas.

O Quilombo Lunga tem no seu dia-a-dia a mescla de atividades de trabalho e lazer, e o próprio trabalho coletivo é uma fonte de descontração, além daqueles momentos de sociabilidade recreativa, como a conversa à porta das casas, os banhos no rio e açudes. Entretanto, sua maior expressão festiva é comemorada no dia 15 de agosto, por isto conhecida como “Festa do Meado de Agosto”. Secularmente organizada para celebrar o período da colheita. Sua realização acontece em determinado momento, a exemplo das civilizações tradicionais, influenciadas exclusivamente pelas mudanças das estações, desconhecendo o calendário moderno e datas pré-estabelecidas em homenagens a fatos ou celebridades.

A Festa do Meado de Agosto é a mais antiga e expressiva confraternização das comunidades rurais banhadas pelo Rio Lunga, localizado no agreste alagoano acentuando e unindo as fronteiras administrativas e geográficas dos municípios de Taquarana, Coité do Nóia, Igaci, Palmeira dos Índios e Belém. Para o Quilombo Lunga a festa torna-se um patrimônio de valor inestimável para seus moradores, um bem que pode ser oferecido ao outro, como um presente aos visitantes.

Integram a programação da Edição 2011 após a Procissão, o Coletivo AfroCaeté de Maceió é um grupo de batuque, que tem como base o maracatu, e também de discussão e difusão cultural; Matuto Cidadão leia-se Jair Ferreira nascido em Taquarana, educador, cordelista e músico, tem sua obra inspirada na luta do povo sertanejo; Grupo de Dança Pérolas Negras formado por jovens da Comunidade Remanescente de Quilombo do Pau D‘arco em Arapiraca; Da Tabacaria Comunidade Quilombola de Palmeira dos Índios a Banda de Pífanos; O Quilombo Urbano Oiteiro de Penedo alegra a festa com a Baianada e as crianças do Quilombo Lunga da Capoeira do PETI mostram toda a sua ginga nesta segunda feira.

A programação conta ainda com a Oficina “Gênero, Raça e Sexualidade” ministrada pela Assistente Social Mabel Araújo.

Realização Quilombo Lunga, Produção Cultural e Assessoria de Comunicação Keka Rabelo
Designer Gráfico Marcos Eliziário
Patrocínio Thudo Comunicação Visual,
Apoio Cultural UFAL, UNEAL, Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas, Secretaria de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos, NEAB, Secretaria Municipal do Trabalho, Habitação e Assistência Social de Penedo, Deputado Judson Cabral, Alternativa Produções, Coletivo AfroCaeté e Sururu Fresco Arte, Cultura, e Política.




Serviço
Festa do Meado de Agosto
Quilombo Lunga 2011
Taquarana Alagoas Brasil
Maracatu AfroCaeté (Maceió)
Matuto Cidadão – Cordel (Taquarana)
Dança Afro Pérolas Negras (Pau D’arco/ Arapiraca)
Baianada (Oiteiro/Penedo)
Banda de Pífanos (Tabacaria/Palmeira dos Índios)
Capoeira PETI (Quilombo Lunga/Taquarana)

15 de Agosto de 2011
A partir das 10 horas
Poços do Lunga/Taquarana

Informações
9161 7554/9316 0505/9679 1624


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