Ensaio aberto esquenta o clima para as prévias de carnaval em Maceió



A uma semana das prévias, grupos afro promovem
 uma tarde de batuque e alegria pelas ruas de Jaraguá 

Há quem já esteja em contagem regressiva a algum tempo, e para os foliões de plantão é tempo de ensaiar o passo, compor as fantasias e se preparar para aquela que é a maior festa popular do país. Em Maceió, apesar do carnaval de rua ainda ser apenas uma miragem, as prévias fazem as ruas do bairro boêmio se encher de cores e ritmos, enchendo olhos e ouvidos dos foliões e dando água na boca de quem gosta de alegria. Vários grupos e agremiações desfilam e caem no passo do frevo, do maracatu, da marchinha, dos bois, do afoxé e muito mais. Para alguns grupos, o ritmo dos preparativos se acelera no mês que antecede a festa. 

Numa iniciativa da Articulação pela Cultura Popular e Afro-alagoana, o bloco afro Tia Marcelina – uma das ialorixás assassinadas no Quebra de 1912, reúne vários grupos para o desfile do dia 10 de fevereiro. Este ano a expectativa é que sejam reunidos mais de duzentos batuqueiros. A saída esta prevista para as 20 horas. 

Ensaio aberto
Para afinar o tambor e acertar o passo, o Coletivo AfroCaeté e o Afro Madela convidam a todos para acompanhar o ensaio que antecede as prévias. O cortejo terá concentração a partir das 16 horas na sede do AfroCaeté, na rua Barão de Jaraguá, 381 (em frente a Unifal) e as 17 horas seguirá pelas ruas de Jaraguá até a praça 13 de maio, retornando à Praça Artur Ramos, onde o grupo Afro Mandela estará se apresentando no Bar La Rosa Mossoró. Neste momento, o batuque do samba reggae e do afoxé, se misturará às alfaias e xequerês do Coletivo AfroCaeté, que em seguida fará uma breve apresentação no local. 

Será uma ótima oportunidade de conhecer de perto a riqueza e a beleza da cultura alagoana e preparar o corpo para a maratona de folia. Venha e traga seu axé!

Serviço: 
Tambores na Rua: ensaio aberto do bloco afro Tia Marcelina 
Com os grupos: Coletivo AfroCaeté e Afro Mandela 
Dia: Domingo, 5 de fevereiro de 2012, às 16h 
Concentração: Sede do Coletivo AfroCaeté (R. Brão de Jaraguá, 381 – em frente a Unifal)
Encerramento: Bar La Rosa Mossoró
Aberto ao público 
Informações: 8854-9382 / 8801 4265 / coletivoafrocaete.blogspot.com 
Produção: Coletivo AfroCaeté 
Apoio: Bar La Rosa Mossoró

Tambores na Rua... O grupo Mandela e o Coletivo AfroCaeté promovem batucada no Jaraguá.



Domingo, 05 de fevereiro, às 15h, no barracão do Coletivo AfroCaeté

 O Coletivo AfroCaeté e o grupo Mandela promovem batucada no Jaraguá
Venha batucar conosco
Traga seu Axé!

Carta Aberta dos religiosos de Matriz Africana à sociedade alagoana



No dia 08 de Dezembro de 2011, segundo as nossas tradições, uma data reservada ao culto de Iemanjá, orixá das águas, nós que fazemos parte dos cultos religiosos de matriz africana naquele dia, nós, religiosos de matriz africana da cidade de Maceió e as casas religiosas situadas nos interiores, fomos surpreendidos com uma situação de uma profunda humilhação, quando ao chegarmos para a celebração das nossas oferendas sagradas nas praias de Jatiúca e Ponta Verde , nós nos deparamos tanto com um espaço de segregação física – restrito da balança do peixe até o final da praia da Pajuçara -, bem como ainda, com a determinação de um horário restrito de celebração de nossas cerimônias determinado pelas autoridades responsáveis pelas medidas disciplinadoras, estipuladas pelos mesmos das 7 horas da manhã até as 8 horas da noite. Ambas as medidas foram determinada pela Prefeitura da Cidade de Maceió através da Fundação Cultural da Cidade de Maceió, na pessoa da Sra. Paula Sarmento, e pela direção Secretaria Municipal de Convívio e Controle Urbano, na pessoa do Sr. Galvaci de Assis, sendo que, os tais órgãos, para a concretização de tais “medidas disciplinadoras” solicitou o apoio disciplinador e repressivo do aparato tanto da Guarda Civil Municipal, bem como ainda, da Polícia Militar de Alagoas.

Alagoanos, a situação que todos nós religiosos de matriz africana fomos submetidos naquele dia, foi algo vergonhoso e humilhante, e, mais ainda quando estamos na véspera de completar exatamente cem anos da Quebra de todos os terreiros de candomblé de Alagoas ocorrido em 1912, fato que, não voltou a acontecer no dia 08 de Dezembro de 2011, em virtude da intervenção nos bastidores de membros do Governo do Estado junto ao comando da Polícia Militar do Estado de Alagoas, alertando-lhes para a fragrante violação da Constituição Federal e as possíveis conseqüências da violação.

Diante do acontecido, nós religiosos de matriz africana que também fazemos parte da herança da República dos Palmares e que atualmente contamos com algo em torno de 3000 casas de culto espalhados por Alagoas, não podemos ficar silenciados e humilhados diante da imensa vergonha com que nossos irmãos foram tratados no dia 08 de Dezembro do presente ano quando, ao chegarmos aos locais de realização das nossas cerimônias, fomos vigiados e monitorados por pessoas completamente alheios ao nosso universo religioso, os quais, segundo declarações à imprensa, tinham como principal objetivo “disciplinar as nossas atividades”.

Neste sentido é que destacamos enquanto descendentes de escravos, também fazemos parte da herança da República dos Palmares e por tudo isto, nós não podemos ficar silenciados e humilhados diante da imensa vergonha com que nossos irmãos foram tratados no dia 08 de Dezembro.

Vale ressaltar ainda que, a “medida disciplinadora” levada a cabo pelos referidos órgãos, Fundação Cultural da Cidade de Maceió e pela Secretaria Muncipal de Convívio e Controle Urbano, em razões de seus alheamentos a respeito das nossas tradições, não levou em conta o fato de que, tanto as praias, bem como ainda, as águas marinhas, para nós religiosos de matriz africana, serem ambos, lugares de uma memória sagrada e enquanto tais, invioláveis por direito constitucional.

E então perguntamos: disciplinar o que? Disciplinar a partir de que? E com que direito estes órgãos – que deveriam cumprir o seu papel de proteger a nossa liberdade religiosa – podem se arvorar em disciplinar as nossas crenças, os nossos cantos e a nossa liberdade de expressão religiosa? Afinal, o que eles sabem de nosso Deus e o que eles entendem dos nossos Orixás e das nossas tradições?

Alagoanos de um modo geral e da cidade de Maceió em particular, o que ocorreu no dia 08 de Dezembro não foi apenas uma violência contra as nossas tradições sagradas, mas, antes de tudo, foi uma violação da constituição no que se refere a liberdade religiosa garantida pela Constituição do Brasil e, neste sentido, ao tempo em que viemos através desta destacarmos a violação da Constituição ocorrida no dia 08 de Dezembro do corrente ano, estamos atenciosamente solicitando de toda a população da cidade de Maceió através de suas instituições, um generoso esforço no sentido de divulgação, tanto da presente Carta Aberta, bem como ainda, de um olhar mais atento para a importância das nossas tradições afro-alagoanas, haja visto que, no dia 02 de Fevereiro de 2012 marcará o centenário da trágica destruição dos nossos espaços sagrados, data que, entrou para a história como o dia do “Quebra do Terreiros de 1912”.
Sem mais, atenciosamente subscreve o presente documento e convocam as seguintes entidades:

FEDERAÇÃO DOS CULTOS AFRO UMBANDISTA DO ESTADO DE ALAGOAS, CENTRO AFRO OXUM OMIN TALADÉ, CENTRO AFRICANO SÃO JORGE, PALÁCIO DE AIRÁ, ILÊ AXÉ LEGIONIRÊ, NUCAB – IYA OGUNTÉ, CENTRO ESPÍRITA SÃO JORGE, CENTRO AFRO BRASILEIRO OGUM DE NAGE, FRETAB - FEDERAÇÃO ZELADORA DAS RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRO-BRASILEIRA EM ALAGOAS, FEDERAÇÃO DOS CULTOS ÁFRICOS DE ALAGOAS, ASSOCIAÇÃO CULTURAL E SOCIAL AFRO BRASILEIRA OFA OMIM, ABASÁ DE ANGOLA OYÁ IGBALÉ, FEDERAÇÃO ALAGOANA ESPÍRITA CAVALEIRO DO ESPAÇO.

Com o apoio das entidades abaixo descriminadas:
UFAL, UNEAL, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), COLETIVO AFROCAETÉ, GUESB, ANAJÔ, NÚCLEO CULTURAL ZONA SUL DE MACEIÓ, CEPA QUILOMBO E FEDERAÇÃO ALAGOANA DE CAPOEIRA, COJIRA, DCE/UFAL E ARTICULAÇÃO DOS GRUPOS DA CULTURA POPULAR AFRO-ALAGOANA.

10 de janeiro de 2012 - Protesto contra intolerância religiosa



Cresce mobilização de protesto contra intolerância religiosa
      
Entidades representativas das religiões de matriz africana, do movimento estudantil, da sociedade civil organizada, instituições governamentais e movimento negro alagoano, voltaram a se reunir nesta quarta-feira (28), na sede da Secretaria de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos, para dar início aos encaminhamentos com vistas a intensificar a mobilização de protesto contra a intolerância religiosa.

Além de atos políticos e ação judicial contra a Prefeitura de Maceió, eles cobram uma retratação do Município por ter estabelecido tempo e espaço para as oferendas à Iemanjá no dia 8 deste mês, inclusive ameaçando os religiosos com uso da força caso a decisão fosse desobedecida.

As atividades de protesto começam no dia 10 de janeiro com a denúncia formal ao Ministério Público, acompanhada de ato político e divulgação de uma carta aberta. Também está sendo organizado um grande cortejo para marcar a entrega da interpelação judicial, audiência na Câmara de Vereadores, além de um grande ato público em fevereiro, para lembrar o “Quebra de 1912” e denunciar as perseguições que ainda hoje sofrem as religiões afrobrasileiras.

Os organizadores do movimento consideram que a decisão da prefeitura foi um ato de intolerância religiosa. Na opinião do coordenador nacional de formação dos Agentes de Pastoral Negros (APNs), e integrante do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Cnpir), Helcias Pereira, o município feriu o Estatuto da Igualdade Racial, que menciona o direito à liberdade de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana, inclusive a celebração de festividades e cerimônias de acordo com preceitos das respectivas religiões.

Para o coordenador da Comissão das Minorias e Direitos Humanos da OAB/AL, advogado Alberto Jorge Ferreira dos Santos, as tradições devem ser respeitadas e mantida a liberdade de religiosidade negra. “Não negociaremos com a prefeitura o lugar nem o horário destas cerimônias”, enfatizou.

Já o vice reitor da Uneal (Universidade Estadual de Alagoas) e historiador Clébio Araújo, destacou que a atividade do dia 8 de dezembro para os terreiros não significa apenas uma homenagem, mas uma celebração religiosa que segue preceitos e não pode ser mudada de qualquer forma, o que fere o direito de liberdade religiosa.

Mobilização – As comissões de trabalho agora intensificam a mobilização junto a outras entidades dos movimentos sociais, sindicais e de outros segmentos no sentido de ampliar as adesões de apoio às manifestações.

Valdice Gomes 
Comissão de Jornalistas
pela Igualdade Racial (Cojira-Alagoas)
9951-9584
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