Imagens do Coletivo AfroCaeté, Bumba meu boi Alegria e Inaê, no Jaraguá Folia 2012



O cortejo Tia Marcelina acontece há três anos e inunda de axé e alegria o Jaraguá Folia. Este ano estiveram presentes no cortejo o Coletivo AfroCaeté, o Bumba-meu-boi Alegria (Núcleo Cultural da Zona Sul) e o Grupo Inaê (Grupo União Espírita Santa Bárbara).

Cortejo AFRO Tia Marcelina no Jaraguá Folia 2012





Cortejo AFRO Tia Marcelina marca presença no Jaraguá Folia 2012

Grupos afro e da cultura popular homenageiam Tia Marcelina, uma das mártires do “Quebra dos Xangôs”,  um século depois de sua morte


O cortejo afro Tia Marcelina há três anos reúne os grupos da cultura popular  e afro alagoana para inundar de axé e alegria aquele que foi o palco do massacre de vários escravos que aportavam aqui e eram vendidos nos trapiches do bairro histórico de Jaraguá.
Como disse Tia Marcelina, ao ser espancada até a morte:
– Bate moleque, arrebenta braço, arrebenta cabeça, mas não tira saber! 
Cem anos depois do trágico acontecimento, os maracatus, afoxés, bois e cocos sentem-se livres para ir às ruas e com cabeça erguida defender com exuberância as heranças de além mar.
Este ano estarão presentes no batuque as alfaias e xequerês do Coletivo AfroCaeté, o Bumba-meu-boi Alegria, do Núcleo Cultural da Zona Sul, os passos do balé afro primitivo do Grupo Inaê, além das presenças ilustres de Mestre César, comandante do Afro Mandela, grupo com 24 anos de história em nosso estado e de Isabel e Nany Moreno, que formam o coração de um dos mais importantes grupos de Alagoas: o Afoxé Oju Omin Omorewá.
A concentração para a saída do cortejo Tia Marcelina será na sexta-feira, 10 de fevereiro, a partir das 19 horas na sede do Coletivo AfroCaeté, na rua Barão de Jaraguá - 381 (em frente a Unifal), e às 20 horas o cortejo segue pelas ruas do bairro, em direção a rua Sá e Albuquerque até a praça Dois Leões, encerrando o desfile no ponto de partida.
A atividade conta com o apoio da Articulação dos grupos da Cultura Popular e Afro-Alagoana, do Grupo União Espírita Santa Bárbara (GUESB), do grupo Inaê e do Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social e Trabalho no Estado de Alagoas (SINDPREV-AL).
Será uma ótima oportunidade de conhecer de perto a riqueza e a beleza da cultura alagoana e preparar o corpo para a maratona de folia da maior festa popular do Brasil. Venha e traga seu axé!


Cortejo Afro Tia Marcelina: pelas ruas de Jaraguá
Com os grupos: Coletivo AfroCaeté, Bumba-Meu-Boi Alegria, Grupo Inaê e Mestre Cesar, do Afro Mandela.
Dia: Sexta, 10 de fevereiro de 2012, concentração às 19h, saída às 20h
Concentração: (aberto ao público) Sede do Coletivo AfroCaeté
(Rua Barão de Jaraguá, 381 – em frente a Unifal)
Informações: 8854-9382 / 8801 4265 / coletivoafrocaete.blogspot.com 
Apoio: Articulação pela Cultura Popular e Afro-alagoana, Grupo Inaê e SINDPREV-AL

Centenário do Quebra – Xangô Rezado Alto


Para entender o Quebra



Por Rachel Rocha
(Jornalista, Antropóloga, professora
e Vice-reitora da UFAL)




O episódio conhecido como Quebra de Xangô foi um ato de violência praticado em 1ºde fevereiro de 1912 contra as casas de culto afrobrasileiras de Maceió e que se estendeu pelo interior de Alagoas. Naquele dia, babalorixás e yalorixás tiveram seus terreiros invadidos por uma milícia armada denominada Liga dos Republicanos Combatentes, seguida por uma multidão enfurecida, e assistiram à retirada à força dos templos de seus paramentos e objetos de culto sagrados, que foram expostos e queimados em praça pública, numa demonstração flagrante de preconceito e intolerância religiosa para com as nossas manifestações culturais de matriz africana.

Esse evento, que intimidou o povo de santo e suas práticas nas décadas subsequentes proporcionou o surgimento de uma manifestação religiosa intimidada, denominada Xangô Rezado Baixo, uma modalidade de culto praticada em segredo, alimentada pelo medo, sem o uso de atabaques, e animada apenas por palmas. Essa violenta ação contra o povo de santo tem repercussões contemporâneas e pode ser apontada como uma das fortes causas da invisibilidade de uma prática religiosa que é extremamente expressiva na capital e no interior de Alagoas, pois as pesquisas de estudiosos do tema apontam para a existência de cerca de 2 mil terreiros em todo o Estado.

O evento que hoje celebramos em memória ao episódio do Quebra dos terreiros, denominado Centenário do Quebra – Xangô Rezado Alto, recupera esse passado e reivindica da população alagoana e dos poderes públicos constituídos, atenção e compromisso para com as causa das populações afro-descendentes que não podem, não devem e não irão mais se intimidar frente às injustiças históricas praticadas no passado e que relegaram nossa população afrodescendente a situações de exclusão e de extrema dificuldade.

Por isso Xangô Rezado Alto, para que nunca mais em Alagoas, as comunidades afroreligiosas se sintam intimidadas ou envergonhadas de professar sua religião que é um grande e reconhecido contributo para a formação da cultura alagoana e que muito nos orgulha.
←  Anterior Proxima  → Página inicial