por Manu Preta
Vou pisando de mansinhoCom respeito e humildade
Peço permissão ao povo
Que habita essa cidade
Pra que eu fale coisa breve
Da nossa ancestralidade.
A gente de pele negra
Que jamais foi esquecida
Fez história e travou lutas
Lá na Serra da Barriga
Mas chegou o povo branco
E a batalha foi vencida.
Se passaram muitos anos
E as coisas acontecendo
Repressão pra todo lado
E o negro ía sofrendo,
Mas tudo que ele plantou
Nessa terra, foi nascendo.
Tu trabalha, negro escrevo
Se tu quiser batucar
Vá pedindo sua força
A Xangô pra tu lutar
Que a justiça logo em breve
Da pedreira vai rolar.
O tambor silenciado
Reprimiu as Alagoas
Que levava oferendas
Em seus barcos e canoas
Pra saudar Mãe Iemanjá
Proferindo suas loas.
Mas o fruto que plantaram
Não ficou só na semente
O couro foi esticado
E o Mestre lá na frente
Fez surgir esse batuque
Nessas terras novamente.
O maracatu nas ruas
De baque solto e virado
Fez tremer pernas e braços
Pra tudo quanto foi lado
Trazendo toda energia
De quem fez nosso passado.
Abençoados pelos negros
E o Caboclo caçador,
Vamos fazendo batuque
Com respeito e muito amor
Pra trazer toda lembrança
Desse povo sofredor.
Somos vermelho e amarelo
Mas o povo é misturado
Tem gente de pele branca
E o cabelo é enrolado
Pois a alma é colorida
E o sangue é variado.
Quando o Mestre lá na frente
Faz soar o seu apito
O som do meu Coletivo
Mais parece que é um grito
E é nessa vibração
Que com fé eu acredito.
Essa terra vai tremer
E a poeira levantar
Quem chorou já vai sorrir
Quem morgou vai se animar
Pois é um batuque forte
Que já vai se apresentar.
Esse é o grupo Coletivo
Que veio pra batucar
Do mais velho ao mais novo
Não se acanhe em dançar,
Quem souber alguma letra
Nos ajude a cantar.
Com licença eu me retiro,
Peço a bênção e muito axé,
Fiquem de olhos abertos
E a orelha bem em pé
Que agora entra em cena
O meu AfroCaeté!