Na cidade mais violenta do Brasil a morte está cada vez mais perto de nós. Desta vez nos tirou Guto Bandeira
(músico, ativista social, militante negro, capoeirista...)... e deixa
no lugar uma lacuna imensa! Nos tira de maneira estratégica, e trágica.
Ontem, 6 de fevereiro, durante o velório no Brasil Novo (Rio Largo), um companheiro de
Guto, nos falava que ele olhava para as ruas do bairro e dizia: “meu
irmão, isso aqui é muito sinistro!
Precisamos fazer algo...”. E ele fazia: organizava paradas culturais no
bairro e participava ativamente de diversos grupos de música e cultura
popular. O bumba meu boi que sairia no domingo de carnaval no bairro
está esperando por ele, esperando os últimos adereços. Gutemberg não vai
voltar mais. Não vai voltar para o boi, não vai voltar para o coco de
roda, não vai voltar para a capoeira, não vai voltar para o batuque...
Agora é a gente tentar aprender com o exemplo que ele nos deixou. Poucas
palavras e muito trabalho pela cultura alagoana. Agora é lutar para que
outros companheiros não sejam levados como ele foi levado. E eu queria
ter dito pra ele: “velho, você é muito importante...”. Não disse! Talvez
por falta de oportunidade. Então... digo agora!
Christiano Barros (É batuqueiro do AfroCaeté)